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sábado, 6 de agosto de 2022

A Lua é filha da Terra

A Lua é filha da Terra                    Gilberto Jardineiro

         Nascida quando Theia, um bólido vagante pelo espaço atraído pelo poder de sedução gravitacional, fecundou a jovem mãe Terra ao se espatifar, arrancar e lançar ao espaço uma boa parte do manto para juntos criarem a Lua, a filha da Terra, o satélite que nos orbita. 

          De início muito quente, todo material pesado foi ao fundo, se aglutinando em volta de um núcleo sólido interno de ferro de 240 km e externo líquido de 330 km. A “espuma”, o material leve, subiu à superfície e com o frio do espaço, logo se transformou numa crosta sólida de silicatos de 55 a 150 km de espessura e manto sólido de 1 200km.

Com o poder de sedução gravitacional da Mãe e da Filha, ao longo do tempo muitos outros bólidos, grandes e robustos a princípio, médios e menores mais tarde, foram chegando incessantemente e salpicando com crateras, mares e uma camada de fino pó regolítico que contam a história do tempo geológico na grande quantidade e variedade de detalhes que hoje vemos estampados na face da Filha.

A Mãe, grande, no lugar certo em que a água escorre da torneira e o gelo fica nos polos, sempre soube exercer seu poder de regeneração, e vaidosa, foi apagando e escondendo os vestígios de suas cicatrizes com a ação e erosão de sua atmosfera.

         A Filha fiel, ainda presa ao seu cordão umbilical gravitacional, mostra sempre a mesma face com as cicatrizes de seu passado, enquanto a Mãe gira vaidosa, mostrando a cada rotação os detalhes da gloriosa beleza azul de seus oceanos, o verde de suas matas, as cores da terra e as marcas da presença humana.

          Sem atmosfera, exposta diretamente à esterilizante radiação solar e à extrema variação térmica entre longos dias e noites, ainda que a Filha não ofereça as condições favoráveis à vida que a Mãe oferece, numa escala humana o homem está pronto para se instalar em sua superfície e, como catapulta, se lançar na ocupação do espaço.

        Numa escala sideral, a Filha serve à Mãe como um novo ponto de partida na trajetória humana para a realização de seu destino de experimentar a vida com os elementos de seu corpo forjados nas estrelas e, consciente e maravilhado, se reconhecer no universo.